O “aqui há bichos” foi o início de tudo, no verão de 2003.

Foi um nome pensado para uma loja de animais. Sentia, na altura, uma forte necessidade de lidar no meu dia-a-dia com estes amigos maravilhosos e pensei numa loja. Percebi mais tarde que aquilo que procurava não era isso, o que me motivara era algo mais.

Ao ler um folhetim, descobri o horror do mercado das peles. Mais tarde, numa pesquisa na Net, verifiquei também que a pele mais cara do mundo era a de chinchila. Já tinha tido um destes bichinhos e sabia os animais maravilhosos que eram.

Comecei a pesquisar e descobri a APROME, Associação Portuguesa de Roedores e Outros Mamíferos Exóticos. Falei na altura com o presidente da mesma e percebi que, para além de divulgar estes belíssimos animais como animais de estimação, a APROME esforçava-se para combater o terrível mercado das peles. Juntei-me então a este grupo de pessoas e durante 4 anos fiz várias exposições de chinchilas, porquinhos-da-índia e petauros do açúcar. Divulguei-os a todos, como animais de estimação e manifestei-me várias vezes contra o mercado das peles.

O tempo foi passando e fui-me envolvendo cada vez mais com a causa animal. Na altura da extinção da APROME, já havia cá em casa 7 cães e 7 gatos, todos vindos da rua. Estava na altura de começar outra luta, aquela que iria ocupar o resto da minha vida.

Vivemos num país cheio de animais abandonados e senti que era urgente ajudá-los. Começou a surgir um e mais outro e rapidamente percebi que este era o meu lugar. Assim o “Aqui há Bichos” ganhou uma nova dinâmica: a luta contra o abandono, maus-tratos e a recolha destes animais que, incapazes de sentir maldade, já conheceram bem de perto a crueldade e a negligência humanas.

Agora, no início de um novo ano, conto com cerca de uma dezena de chinchilas, 3 petauros, 1 porquinho-da-índia que já bateu todos os recordes e está neste momento com 7 anos, 2 coelhos, 42 cães e cerca de 60 gatos. Não posso esquecer 2 aratingas que foram compradas, para serem salvas da gaiola apertadinha em que viviam.

Alguns destes cães e gatos passaram a ser meus, normalmente aqueles que ninguém quer por razões de saúde, problemas comportamentais ou, simplesmente, porque são grandes ou pequenos, castanhos, brancos ou pretos, ativos ou sossegados… mas que para mim e para outros amigos dos animais são apenas animais maravilhosos que nos adoram sem olhar nem criticar.

Para além destes que foram aparecendo na minha vida e ficando, existem aqueles de que cuido e para os quais procuro um novo dono. Um dono que os respeite, ame e cuide como eles merecem e precisam. Isto porque existem muitos mais a precisar de ajuda. Para os poder ajudar é necessário que haja adoções. Neste sentido surgiu o site e página do Facebook “aqui há bichos”, para divulgar os animais recolhidos que estão para adopção, os animais que precisam de ajuda e também para contar histórias sobre os bichos que por mim foram passando.

Ana Sousa, janeiro de 2011

De um projeto cheio de vontade e desejo de ajudar os BICHOS chamado Aqui há Bichos, começaram a construir-se as fundações que finalmente tornaram possível a 23 de maio de 2011 a criação do Chão dos Bichos – Associação.

Em agosto de 2015, a Chão dos Bichos Associação foi amplamente “falada” pelas piores razões: um incêndio destruiu grande parte do Abrigo e houve nove canitos que faleceram. Uma enorme onda de solidariedade acabou por nos dar uma preciosa ajuda para uma reconstrução provisória. No entanto, o número de animais, que já excedia o limite, aumentou exponencialmente pois a “notoriedade” fez com que muitas pessoas deixassem os seus fiéis amigos largados à nossa porta. A saída do local onde nos encontrávamos era imperiosa. Apesar de ter sido celebrado um protocolo de usufruto de um terreno, propriedade da Câmara Municipal de Loures, e de este necessitar de todas as infraestruturas básicas para que se pudesse concretizar uma mudança, tal acarretava um montante muito avultado de que a Associação não dispunha nem dispõe e, também, um conjunto complexo de procedimentos. Após um longo período de espera, com diversas tentativas frustradas, e, na impossibilidade de se encontrar uma solução geograficamente perto do anterior Abrigo, estamos a erguer (por conta própria, com muito esforço, e necessitando da ajuda de todos) um futuro mais condigno para os animais que albergamos, no novo espaço, já em funcionamento, em Canha, Montijo.

Nesta altura, a Associação alberga mais de 500 animais (cães e gatos) abandonados! Precisamos da sua ajuda. Ajude o sonho a continuar! Por um mundo mais justo e equilibrado para todos!