Os nossos dias na Associação são sempre muito difíceis (as dificuldades agravam-se por falta de mais voluntários). Várias conquistas e alegrias acontecem por vezes e dão-nos forças para continuar, sendo que não pomos a mínima hipótese de algum dia vir a desistir de proteger os animais que albergamos.

Pelas leis da vida, é inevitável a morte. Dói sempre e é mais revoltante quando sabemos que a negligência humana foi a responsável por ter ocorrido precocemente. Todos os animais de quem cuidamos ficam para sempre na nossa memória, mesmo depois de partirem. São as nossas Estrelinhas…

Lutamos diariamente pela vida de muitos, mas também já vimos muitos partir…

A palavra despedida não existe no nosso vocabulário, acreditamos que os voltaremos a encontrar…

Viverão para sempre dentro dos nossos corações, jamais esqueceremos as corridas endiabradas, o olhar que conta sempre uma história, as caudas que abanaram tão freneticamente enquanto nos privilegiaram com a sua presença junto de nós…

Jamais esqueceremos os ronrons incessantes, as turrinhas carinhosas, os abracinhos doces que com eles partilhamos…

Dizemos até um dia porque acreditamos que nos voltaremos a juntar todos nos longos prados verdes onde a brisa sopra suave e onde as copas das árvores dançam gentilmente para nós.

Voltaremos a entrelaçar os dedos nos pelos macios, a sentir nas mãos os narizes húmidos as caudas robustas qua nos convidam para mais uma brincadeira.

Quando à noite olhamos o céu estrelado, relembramos com saudade e ternura todas as estrelinhas que brilharam nas nossas vidas e que hoje brilham fortemente no céu, cuidando e dando força a este chão que um dia foi o seu chão.

Acreditamos que são estas estrelinhas que nos secam as lágrimas e que nos alongam os sorrisos.

São energia viva dentro de nós que atenua a saudade e a dor de um contacto físico que foi interrompido…

Há que agradecer a forma como encheram as nossas vidas com as suas presenças.

Há que agradecer como nos tornaram melhores com a sua inocência pura.

Há que agradecer terem partilhado connosco os seus olhares vivos, doces e tão mas tão nobres.

Há que agradecer…

Algures no universo existe o céu dos animais e é lá que eles esperam e cuidam de nós, enquanto isso vivem com a nobreza da falta de maldade que aqui conheceram tão de perto.

No céu dos animais não há fome, sede ou frio, não há falta de amor…

Há sim a paz a tranquilidade e a beleza que só a união e o respeito de todas as formas de vida pode proporcionar…

É neste sítio maravilhoso que um dia nos voltaremos a encontrar…

ATÉ UM DIA, ESTRELINHAS

Ana Sousa, 13-04-2013